Monday, August 21, 2006

Por teres sido.

Por me teres ensinado a sonhar,
Sonhei mais do que esperavas ou querias.
Por me teres ensinado a chorar,
chorei tanto que nem as lágrimas me vias.
Por sofreres quando eu fui,
Mais sofreste, quando não me viste
na tua agonia.
Por teres sido quem foste,
sorriste, pela minha vida.
E agora, quando me faltas,
Percebo-te,
e amo-te mais, ainda.
Abraça-me, pai.

Wednesday, May 03, 2006

Palermices

Olá, como estás?
O que me preparas, desta vez?
Sinto que algo está a ocorrer,
e diverte-me não conhecer
o gume da lâmina com que
me procurarás.
Ai, essa tua inimizadezinha,
é mesmo de estimação, não?
E o teu próximo golpe?
Eu sei, eu sei,
que ele aí virá ...
Pois, bem.
Cá estou, quer queiras, ou não,
Para seguir em frente,
e não te aturar,
nesses vingativos
ou redundantes disparates.
Não me finjas amizades
nem falsas civilidades.
Já agora, olha, cumpre,
com o combinado, entre nós,
sobre eles e,
se não te importas,
com o que ficou
escrito e interpretado,
também, na Lei.
Porta-te bem.
Ah, vê se me deixas em paz, tá?
De palermices,
está a vida cheia.

Wednesday, April 26, 2006

Dança

Pedi-te esta dança,
Recuando, em mudança,
para há muito, naquele tempo
Implorando-te,
Dança, dança comigo,
já quase tremendo,
Dança, vá, dança comigo,
E, perdidos, sentidos,
inpensados os pensamentos,
dançámos, suspensos,
para além de qualquer espaço,
planeta, ou momento.
Vá, dança, dança comigo,
mas, por favor,
agora, em pensamentos,
quando quiseres, comigo
dançar outra vez.

Sunday, April 23, 2006

Perda

Preparei-me,
Seria a minha fuga, à fuga.
À rejeição de me ser, deles,
o Adeus ao que fora, e recomeçar,
euforias dum novo, o Eu,
sem olhar ou lamentar.
Abandonar.
Mas vieram, só que tarde, muito tarde,
Lembrando-me saudade,
Dor, a minha paternidade,
E tristeza, ai, tanta,
Com que me amarraram, lentamente
Percebendo-a num choro não chorado,
Que choraram, sabendo,
Da perda, em que, hoje
somos, nós,
os três.

Friday, March 31, 2006

É pena.

Às vezes, custa-me,
este carregar o mundo,
Uma alegria preciosa, fugaz,
que soçobra num mar de tristeza,
o charco da minha impossibilidade,
comigo, com os outros.
Fico só, como só se pode ficar, só.
E não encontro espaço ou caminho,
sequer companhia,
Nem haverá comprensão,
Sobram acusações,
as de abandono.
Repetidamente,
para o grande vazio,
Desejo o nome,
Bem vinda, solidão!
Nestes dias, volto-me, em mim,
como se nada do que houve,
de um dia para o outro,
valeu a pena, para ti.
É pena.

Wednesday, October 26, 2005

Vamos pintar a côr do céu


Hoje sabemos que não é o “céu”,
mas um vazio infinito,
de tão cheio.
Ninguém sobe para o céu,
a menos que lá esteja uma nave
para o acolher.
A minha, ainda não veio.

A verdadeira côr do céu não é o azul,
mas o cinzento e o preto.
Com muitos pontinhos, luminosos,
inalcançáveis ...
Que pena.

Quando se põe dourado, sim, o céu,
é difícil sermos razoáveis.
Quero lá saber
da ciência ...!
Às vezes é azul.
Quem acredita no azul?
Eu acredito no mar castanho.
A côr do mar muda com a do céu.
Ainda não percebi a côr dos teus olhos,
mar castanho, céu azul, mar verde.
São lindos.

O céu também é verde,
roxo, e vermelho.
Gosto do verde, nos teus olhos.
Inventei a tua côr.
O sol tem a côr que nós quisermos,
quando sonhamos.

O vento não tem côr, as núvens sim.
A tua côr foi inventada.
Por mim, por ti.
Amo-te.

A minha nave está atrasada.

O tempo é uma invenção genética.
“Para ti, acabou-se!”
Não ...!
Quero a minha nave!

Se nascesse num planeta maior,
o dia teria mais horas.
Eu vivia mais tempo,
a genética adapta-se.

Raio da nave, que não me leva.
O céu é preto, negro. Como o pesadelo.
Não quero dormir.
A nave virá noutro dia. Deve andar perdida.
Hoje, caíu a tinta ao céu.
Confirma-se: é preto! é negro!
Que pena, ser assim.
É igual para todos.
Eu não quero ser igual.


Afinal, houve um desastre.
Outra nave? Não se sabe.
No próximo século, talvez.
Terei de viver, convosco.
Prefiro a ilusão, a do céu dourado.
De que côr é a tua pele?
Fecho os olhos.
Que importa, é macia, eu gosto.
Que tem isso a ver com o céu?
Nada.
Tu és o céu, a nave.
Em resumo,
nada.
Como o céu.
Quero lá saber da côr.
Amo-te,
minha linda,
filha.

Friday, October 21, 2005

... agora?

Doi-me a alma, doi-me a dôr, o corpo.
Doi-me tudo, o medo, sono, insónia, o sonho.
Ah, o sonho enganoso, esse não mata, mas destrói.
Doi-me este ser de já não ser o que não sou,
e de não ser nada assim, tão de repente.
Ah, essa tua mão,
a lembrar-me vagamente do que, por aqui, ainda ficou.
Eu, sobrevivente à batalha perdida,
despojado a quem foi poupada a vida.
Será a desgraça? Fim anunciado?
Ou a vontade de ser poupado ao que me matava,
os matou,
e respirar-te, Liberdade,
para ser o que, de facto, sou?
De tão engaiolado, já nem me lembro de como é voar.
Ai ... como o mundo lá fora ficou vazio de mim ... E agora?

"E agora? Olha, faz chichi na mão e deita-o fora". Provérbio maternal.

Monday, September 12, 2005

Liberdade

No esquecer, vejo-te, Liberdade. Voando
sem rumo ou rota, sem círculo ou ártico,
pensamento sem âncora,
solta-te,
sem passado.
Nesse dia, sou Livre!
Olhando, sonhando, sorriso
no lábio, gosto sábio, rosto malandro.
Depois, rio-me, criança que ri
sem nada ou prenda, despojado, futuro esquecido,
por ali, aqui, no agora, sem hora,
sendo livre, sempre, de novo, por fim.

Monday, September 05, 2005

Intromissão

Não intrometas os teus passos pelo meio desta família.
Acredita, não é a tua.
Há muito frio e aço,
no que ficou deste lado do que é o meu espaço.
O teu riso já forçado ou o sorriso maquilhado,
não serão porto seguro para o vazio sem futuro que se perde no meu passado.
Acredita, pode não ser este o teu espaço.

Opinião

Liga-me e pergunta-o.
Eu discordo.
Mas não to direi,
sem perguntares o que penso,
sabendo ou presumo,
que o fazes por sentires
ou saberes ser mais forte.
Mas hoje, discordo.
Pois olha,
nem me ligues ou perguntes,
finjamos, é mais nobre.
Esqueço o assunto
e tu fazes como entendes.
Seja má, ou boa, a sorte,
faz essa viagem no tempo
de alguém que só aprende
quando for um pouco mais forte.

Friday, September 02, 2005

Pois

(sem foto)
Parabéns, neste dia, o dois.
E muitos mais os anos te esperem,
na companhia deles,
os nossos, os outros dois.
Parabéns, ainda com a contenção,
de quem se sentiu mordido, ao mesmo tempo,
por uma serpente, e por um cão.
Doeu, pois.
Claro, parabéns, respeitosos, civilizados, afastados, talvez frios,
mas parabéns, sentidos,
nas palavras, ou escritos.
Sem beijinhos de circuntância ou apertos de mão.
Pois, isso do cinismo, é que não.
Guarde-se memória, a sobra, a recordação,
Que não hajam restos de colecção.
Por eles, os dois, sempre os dois, sempre juntos,
sempre, no coração.
Pois, dos dois.

Wednesday, August 24, 2005

Perdi

(Aqui, deveria estar a fotografia de uma menina sorridente, tirada em 28 de Agosto de 2004)



Perdi, o verão,
a comparação,
o sol no teu rosto,
esse sorriso cheio gosto,
o da tua vida, eterno sonho
de alegria, satisfação.
Este verão, perdi-te mais, do meu peito,
ao não estar aí quando
cresces, sem respeito,
pela menina que me és e foste,
sem me dares ou justificares
com uma palavra ou razão.
Este verão, perdi-te,
neste momento de comparação,
do sorriso, que não verei,
e como odeio, esta doença
que me tolheu no momento
de te ligar ao coração.
Dá-me,
esse teu abracinho, muito chegado,
para sentir que não fugi
e nem tudo acabou
por aquilo que
te perdi.

Friday, July 29, 2005

Ilha

"Ilhas Estelas (próximo da Berlenga) - Peniche, Fevereiro de 2004"
(Para ampliar, click sobre a foto)


Na perda, perdi-me, de tudo, todos.
De mim.
Naveguei de noite, atrás dos dias.
Vi rochedos de vagas,
Tive medos, porque, de noite,
O mar, impiedoso, atemoriza.
E perdido de tudo, de todos,
Procurei-me, econtrando, noutras vidas.
Vi o sol, e muitas ilhas, rochedos de orgulho,
paisagens lindas,
Nesse dia, percebi que, mesmo perdida,
Toda a ilha é feita de sol, alegria, e muita vida.

Tuesday, July 19, 2005

Momentos

"Regresso"
Peniche, fim de uma tarde, em Fevereiro de 2004
(click sobre a fotografia, para ampliar)


Não procuro, saio,
Fica sempre tudo, cá dentro
Contas antigas, medos e horrores,
felicidades gemidas, gritos, temores,
E, às vezes, sou tão feliz, que esqueço
o vindouro por continuar hoje, aqui.
Pequenos, estes, os momentos de vida, sentida,
De amar tudo, todos, querer ser e sempre o mesmo,
esquecido do princípio como se nunca houvera fim,
ao estar hoje, como sempre, em tudo o que fizera,
e tivera renascido, outra vez, para mim.

Tuesday, July 12, 2005

Vidas

"Quero estar, sempre, Aqui"
(click em cima da fotografia, para ampliar)

Procurei-te no meu saco de palavras,
e não as tinha,
procurei-te no meu cofre de ternura,
mas estava vazio, de ti,
procurei-te noutros cantos da vida,
e, de tudo o que havia,
extraído o ar da agonia,
não encontro frieza, ou alegria,
por agora estares aí,
e eu, aqui.

Ora te oiço, ora se apaga,
ora se afasta num murmúrio,
a tua voz, que me lembrou,
porque ficámos, um dia,
nós os dois, assim,
cada um, no seu lado da vida.

Frágeis pontes, as que nos ligam,
De tão frágeis que já não unem,
Ruirão naquele dia
em que eles, no seu destino,
se lançarem no seu caminho
e nos separarão, para sempre.
nesta viagem, só de ida.
Como é bom, ver-te ao longe
e saber que não estás aqui,
ser livre de procurar,
outros, os horizontes,
e a paz, que não consegui, de ti

Monday, July 11, 2005

Espaços

(click em cima da foto, para ampliar)

Nas trevas do teu mundo
No meu silêncio indesejado,
Procuro a tua paz.
Deixa-me partir, agora,
E ser, só, de mim.
Estou aqui, e aí, não te oiço, não te vejo,
Assusto-te, não sabes por onde vou.
Ora viajo dentro, ora fora de mim.
Por vezes, nem eu sei onde estou,
Quando voltar, sorrio-te,
Saberás, então, que te reencontrei,
Neste silêncio, em que esperaste,
angustiado, por ti.

Wednesday, June 29, 2005

Diferente

(click na foto, para ampliar)

Da última vez, havia uma
Depois, fizeram-se dois,
Um e uma,
De lado, e de frente,
São diferentes
No todo, é única
Claro, as feições mudam,
E depois?
Não se nota que são dois,
os filhos da mesma gente?

Quando o dia Nasce

sabemos que valeu a pena estarmos Ali,
onde os lamentos, docemente, se apagaram,
e a dor adormeceu
(click na foto, para ampliar)

Tuesday, June 28, 2005

Amor Perfeito

Não te interrogues ou procures,
se é verdade ou paixão,
e sente,
o amor, a pessoa, sem dor ou servidão.

Não corras, será em vão, mas sente,
cada passo do caminho, cada pedra,
cada pedaço de respiração.

Sente o hoje,
não te interrogues, a cada gesto, a cada olhar,

Deixa-o estar, viver, ser, amor, sem dor,
sendo o que é, a liberdade, desobrigação.

Sente, quando estás e sente, quando és.
Sente, sempre, como é bom,
ser amor, sem ocupação.

Sente e liberta, liberta-te,
dos medos, dos dedos,
com que esmagas o coração.

Sente, como nem sempre
se pode ser dono ou destinado,
a estar só, ou acompanhado,
na vontade que temos
de sermos nós controlados
por um amor imaculado
que só existe, mesmo,
no espelho imaginário
com que olhamos
o coração.

Thursday, June 16, 2005

Saída

No outro dia não estava Aqui
E Aqui não foi outro Dia
É uma Vida
No outro Dia, não queria estar Aqui
Mas Ali, Livre de Mim,
Deste Eu,
Para viver, sem morrer,
Em mais um Dia.
Por isso, voei
Sonhei, ser Outro que não Este
Quis muito sair d’Aqui
Depois, acordei,
E morri, duas vezes,
Ao mesmo Tempo,
No mesmo Dia
Como queria estar Longe,
Muito Longe,
Lá em Cima,
E Nunca mais Voltar
Voar no Vento Norte
Para Terras de outra Vida
Que não esta, a que trilho
Desta forma, Mórbida,
Irreconhecível
Às vezes,
Sem Saída

Thursday, June 09, 2005

Ausentes

Da autoria de Lobices (Joaquim Nogueira), uma alma especial, encontrando-se o original publicado AQUI



"
... não, não estavas lá quando mais precisei de ti
... estavas ausente mesmo com a tua presença

... ansiavas a libertação e para ela abriste os braços, como último lampejo de solidão acompanhada
... sim, mas apenas encontraste o nada

... não, não estavas lá quando mais precisei de ti e o momento em que mais precisei de ti foi aquele em que já não te senti, aquele em que vi que já lá não estavas

... foi apenas aí que reparei em ti quando já não estavas presente para te tocar

... e a culpa não foi da tua fuga nem da minha quietude, a culpa foi da nossa cruel atitude, em nos vermos sem nos olharmos, em nos sentirmos sem nos tocarmos, em amar sem nos amarmos

... por isso, quando mais precisei de ti, tu não estavas lá, mesmo olhando para mim acenando um adeus desenhado no fim..."


É duro, revolver o passado, para encarar um futuro livre de fantasmas. Exorcismos? Talvez.

Obrigado, Quim, porque eu nunca o teria escrito assim, nem conseguiria fazê-lo, tão cedo, de qualquer outra forma.
.

Escolha

(Uma re-edição, com o respectivo comentário explicativo)



O dia da Lua disse: vem, dentro de mim. Olhei-a. Quem és tu? Porque me queres? Não te conheço, não gosto de ti. E a Lua, matreira, explicou-me que, na vida, a escolha não é pertença, antes, coisa imensa sem origem, ou fim. Coincidência? Não quero, respondi, virei-me, fugi. Ah, mas não, a Lua escolheu-me, Embalou-se, embalou-me, em feitiços de atracção, sussurando pétalas de flores que, há muito, murcharam na morte do meu jardim. Atordoado, levantei-me, bebi água e pensei, porque me quer, ela, a mim? A Lua explicou-me, eu também não sei, vi e ficou-me o gosto de ti. Preso, na cama, ainda tentei, olha, mas eu não sei se gosto de ti! A Lua não ouviu, abraçou-me, falou-me do jardim, deixei-me, sorri-lhe, beijou-me, afoguei-me, em brancas flores renascidas, cá dentro, no centro, mais à esquerda, isso, aí.


Porque alguém mo recordou, aqui
.

Friday, May 27, 2005

... ai não!?

...

Bates-me e foges,
esse olhar denuncia-te, e que má, a tua intenção.

Eu corro e, já a agarrar-te, viras-te, dizes, baixinho, apontando-me esse dedo que não é o mindinho, “ … não … !”

Pedes-me um beijo, fecho os olhos, que desespero o meu, já vais longe, com os teus num desafio a pedirem perseguição …

Tremes e assaltas-me, saltas-me para cima, marcas-me o pescoço com dentadas macias … depois de muitos, muitos beijos, num suspiro ainda sussurras, em abandono me ordenando um perdido “ ... ainda não …”

Lá vai camisola, olha, era a minha, ah … pois, agora reparo, há muito que não tens nada, nem abaixo, nem da cintura para cima …

Viras-te e reviras-te, já nem sei que parte tua eu devoro na minha boca ou já tenho na minha mão ... e tu … fechas os olhos, sorris, e, claro, ainda murmuras, pois, que haveria de ser, um lânguido ” ahhhhhh … ainda não …”

… já balanças, já sacodes, já desesperas assanhada, eu sorrio, seguro-te, asseguro-te e digo, “espera, agora espera … porque eu ... ainda não …”

… ah ... pois não …!

...

Monday, May 23, 2005

Encontro

...

Guarda-me,

no teu medo, desta noite,
pesadelo que não encontro, estando só de não ser nada.

Com mágoa,

o silêncio,
posto no ombro de quem sabe, seres mais que o sonho,
que olho, por ti, sem insónia.

Dorme, eu guardo, aguardo, espero,

serei e serás vida, nascida em silêncio, por certo,
onde por perto estiver eu, sem dor, e desperto
noutra vida em que o quero, ser,
amor, também e ainda, o teu.

Guarda-me, de hoje, para depois,

não interessa se foi sorte, acaso, ou, quiçá, os dois,
guardados estivemos por encontrar, um dia,
mais do que souberamos esperar, de hoje,
ser eu teu e tu, quando o quiseres, ou puderes,
minha.

Tuesday, May 17, 2005

Por hoje

.
.
Olha,
porque me persegues?
Afinal, já nem sofres por mim …

Porque me odeias, em cada olhar, em cada gesto,
do teu vazio fosse eu o resto, dessa sobra, do nada,
em que não presto, nem aqui, nem aí.

Olha,
porque te alimentas, te consomes,
nesse fogo, nessa Guerra,
e me queres, mas vencido, e morto, no fim,

Pensa , sabes, não me afundo, no teu ódio,
a minha dor, por ti, há muito que não anda aqui.

Não me tires o pouco, do muito, o precioso, do que foi e será,
e a quem quero tanto, tanto, que nem o teu ódio, nem esse fingido pranto,
um dia, conseguirá,
matar, cá dentro, o que escondi, sem o saber,
e sem o medo, de viver, outra vez, sem ti.

Olha,
não te afogues, nem morras, no que odeias,
nem a sós, nem a meias,
com tudo e os outros, matando vidas,
que dependem tanto, de mim, de ti.

Esquece, descança, essa tua e a nossa morte,
liberta-me e vive, sem esse frio
que te queima, te mata, esquecendo-te
que já existi, um dia, também, em ti.

Por hoje, ponto final, e Fim!

Thursday, May 12, 2005

Era ...

… meu amor, meu doce, meu um … dois … outro … onde o queres … espera, eu escolho … isso, coração … pois, eu já sabia, mais no outro … são três? ... malandra, isso já não é coração … beijo … que quente, o teu ar, o de dentro … tão quente … calma … ó alma, respira, regressa, à vida … ui … aí não … e porque não … pois … a intenção … sim … já são horas de sair … não … aí não … ah … mas hoje não é sábado … não, também não é domingo … deixa-me dizer-te ao que vinha … mas hoje não é … e uma reunião …dizer-te bom dia … era só … a intenção …

Monday, May 09, 2005

Adeus poeta... até sempre...

...
por Ana (Raquel Vasconcelos)



Desenho o teu rosto com os meus dedos... torno-me de veludo para não te corromper o sorriso... enquanto me olhas meigamente...

Não preciso de te tocar para que me desejes.

A luminosidade da lua que se reflecte na tua pele faz-te parecer um menino... e julgo que voltei aos tempos de infância e que não perdi o meu companheiro de brincadeiras... que ele não cresceu e se fez homem e seguiu o seu caminho...

Não preciso que me toques para que saibas que te desejo.

Não vejo rugas, nem a vida que passou por ti como se fosse uma auto-estrada em território alheio... olhas-me como se tudo em ti permanecesse como antes... quando corríamos e caíamos e rolávamos pela areia quente do sol do meio dia... tão morenos, dourados... os cabelos molhados... colados à face, cheios de areia e água salgada...

Olho-te silenciosamente. Sabemos tudo sem precisarmos de falar.

Descreveste-me, ao longo de todos estes anos, nos teus poemas... ao pormenor, ao milímetro... como se me soubesses de cor... descreveste-me até ao mais ínfimo pormenor da minha alma... amaste-me vezes e vezes sem conta... e eu li-te e amei-te a cada palavra...

Sabíamos que um dia nos reencontraríamos. Sempre o soubemos.

Abraço-te... coloco-me em pontas do pés fingindo que sou tão alta como tu e beijo-te devagar, sabes-me a sal, a ti... e fazemos amor com a mesma ternura de quando ainda éramos quase crianças...

Amo-te

Wednesday, May 04, 2005

Posso ...?

.

escrito por "Lyra"




Posso? Posso dizer-te que as minhas pernas já não sabem andar porque se confundiram nas tuas pernas e já não sei com quais caminhar?

Posso dizer-te das palavras mais duras que não chegaram a ser ditas (mas sentidas) das feridas intensas sem pinga de sangue.

Posso? Dizer-te que apesar de tudo me fazes falta? Que apesar dos teus olhos serem aqueles com que vejo hoje o mundo, já não terem cor definida na minha memória.

Posso? Será que posso dizer-te que não entendo que amor é esse a que chamas Amor? Posso? Dizer-te que ainda assim as minhas mãos anseiam as tuas os meus olhos só querem os teus e tens o sorriso mais doce e triste que alguma vez vi?

Posso dizer-te que a dor de um "adeus" que não chegou a ser dito está presente a todo o instante? Que me reconstruo e me derrubo a todo o instante só com a tua lembrança?

Será que posso dizer-te que apesar de eu já não ser eu porque me perdi algures na ansia de te salvar de ti proprio e que agora ja não sou mais que metade sombra de espelho e metade nada, que ainda assim era so a ti que queria de volta?

Posso dizer-te (será que me ouves ai em cima? ) que já não espero nada e afasto todos numa quase presença não mais que representada? Poderei dizer-te o quanto ainda morro a cada instante sem ti? Poderei dizer-te que nada espero já de ti? Posso dizer-te que espero tudo ainda e que quero tudo ainda? Posso dizer-te que caminho para ti? Vagarosamente, mas caminho ...

Thursday, April 28, 2005

Posso?

.....


..... Posso?

...... Posso, dizer-te?


Posso dizer-te, o que quero?

Agarrar-te, correr cego, contigo, no meu colo, fugindo de tudo, e o mais, de todos, sem rasto ou pista, iludindo medos, enganando, até, os lobos ...

Posso, dizer-te ... ?

Segredo, ver-te, ter-te, carícias, mãos, braços, muitos e ternos, abraços, o corpo, beijando-te tudo, do cabelo aos pés, devagar, sem parar, sorrindo do gosto, beijar-te o rosto, todo, murmúrios e calor, o pescoço, elevar-te à altura de onde me vês, à cintura, no meu dorso, seja como for, ter tudo teu, junto de mim, bem colado, agarrado, ao meu corpo.

Posso, imaginar …

... que não sei como parar? Vejo-te, nós, outro no outro, em descanço, não jantar, não almoçar, sim, talvez, pequeno almoço, sobremesa, continuando, voltando, tudo, de novo.


Posso … dizer?

...... ou seja, que te quero?



P.S. Perguntar, não ofende ...

Tuesday, April 26, 2005

Revelação

No teu olhar, quase de pavor, em te mostrares o que escondias, com o tremor das tuas mãos, sossegou a minha súplica de saber se amarias ou também me fecharias as portas do coração.

Mas não.

Quando te abri a minha vida e me sentiste como vias a ternura em ebulição, olhaste-me e estendeste o calor e o amor que de forma incontida jorravam em alegria da minha para a tua mão.

Redescobri, então, essa vida que não é pura, nem fria, nem só feita de solidão, e enquanto me aquecias, o teu olhar perguntava que amor era este, se de dor ou alegria, liberdade ou prisão, se era aquilo o que querias, por certo não seria, o que sonharas ou acontecesse da forma que na mente idealizaras num recomeço, ou uma nova revelação.

E trocámos amores olhares e sabores enquanto envolvias a tua, mais ainda, na minha mão.

Nome

O meu nome é vida. Mas, por vezes, foge-me ela, ou fujo-lhe eu, em agonia.

O meu nome é tristeza. Como me sabem tão bem, os pequenos momentos de alegria.

O meu nome não é leite. Costuma ser café, preto, sem açúcar. Também o cacao amargamente gostoso. Ah, também me chamam, mas só às vezes, de chocolate. E é tão bom, ser-se desgustado em deleite …

Não, o meu nome não é chá! Ora, até o bebo …

Ah, pois, e Paciência ...! Mas é tanta, tanta, esta minha impaciência ...

O meu nome é medo. Por isso, vivo tão depressa que às vezes nem o sinto, ao medo.

O meu nome, também é dor. Mas já não é a desse amor.

O meu nome é Pai. Pois, a dor.

O meu nome é solidão. Ah, como gosto tanto, dos poucos momentos, os do meu amor. É que mudo de nome … e esse, não vos posso dizer.

O meu nome é ele. Quem? Sim, “ele!”.

O meu nome, às vezes é Olhe. “Olhe, se faz favor …”.

Ou então, sou “senhor”. Outras, você. Por engano, teimam em que seja senhor doutor.

O meu nome é “Tu!”. “Ó Tu” que fumas e a tabaco cheiras …

O meu nome é Lua, é Sol, é o que o dia for. Sim, e a noite …

O meu nome é Primavera. Depois, Verão, Outono e, adivinharam, Outubro, Novembro, Dezembro. O Inverno? Ainda me soa muito a inferno.

Também sou Filho, o do amor. Outras vezes, sou o “meu irmão”.

Claro, também sou coisas feias, uma insignificância, isso, de ser um palavrão.

O meu nome é o Mar, o espaço, o ver até aonde a vista alcança. Como é bom, subir à montanha.

O meu nome é cor. Gosto muito do meu azul. E dum verde que me fez corar.

Pois, o meu nome, também é amor.



P.S.
Quando era miúdo, chamavam-me malandro, aos 15, um pão, aos 20, era borracho, aos 30, playboy e, depois dos 40, velho ordinário.
... as moças e as mocinhas são uma coisa enigmática ...

Wednesday, April 20, 2005

Preciso

"Poema em Construção"

(mote)

Preciso do teu abraço, sem limite ou prazo ou pensar no que faço, só o amor a dar e quero, preciso,
....................................................................................................................................


é q com os nomes q por aí deram a certas coisas... (raquel)




(poema completo, por Eva Lima)


(Preciso,) ... de acordar nos teus braços, lentamente, desapertando o teu abraço (Eva Lima)



(outras contribuições poéticas)

And I had a beautifull dream last night, covered by the sweet blanket of love you gave me yesterday, Miss U (Anónima)




(Poema completo, por Lyra)



Preciso do teu abraço porque sinto este frio na alma e nada já me aquece. Preciso do teu abraço porque não me encontro em outros braços, porque não quero outros braços. Preciso do teu abraço de cada vez que ficamos agarrados ao telefone e as palavras não saiem, porque são demais, porque querem sair todas, porque são tão puras e verdadeiras que não cabem aqui. Neste mundo. Preciso do teu abraço porque sabes que a minha paz e a tua paz está nesse abraço. Preciso dele porque já não sei viver, já não vivo, já não sei sequer respirar sem ti. Preciso do teu abraço de cada vez que me apetece gritar o teu nome, de cada vez que te tento tirar dessa morte de alma em que entraste. Preciso do teu abraço porque já não tenho sonhos, já não sei sonhar sem ti. Preciso do teu abraço porque não preciso de mais nada na vida. Dá-me o teu abraço ... Porque sou pequenina, sou nada, sem ti. (Lyra, uma alma especial)




Tsup, a bateria? (Eva Lima)

...junta-se o útil ao agradável (Anna)

… senão baralhava a tua anónima (raquel vasconcelos)

Escreveste ontem e tens aqui 85 … (Maria João)




(poema completo, por Mitsou)



Preciso de um abraço,
Tímido, furtivo, que seja.
E sentir nele o mesmo querer
Desta boca que te deseja





(poema completo, por raquel vasconcelos)


...quem vive ao pé do mar e da areia nunca está só... tem um reino muito seu... vive com o silêncio da escuridão nocturna e o suave embalar das ondas, que chegam de mansinho...




Adormeci no sofá...Meio estremunhada (Mitsou)

Eu ando mesmo mal.. adormeci a ver o Benfica... snif.... (ou serão eles que andam a jogar mesmo, mesmo mal???) (nuno)

OK! n quero ouvir falar mais de ginástica, hoje (raquel vasconcelos)

Ó Anna, mas a minha sensibilidade, para perceber estas coisas, até nem anda grande coisa ... (TSuP)

Eu tento seguir aquele "ditado" que diz: "mens sana, corpore sano"... e como a "mens" não é lá muito "sana", tenho de apostar forte no "corpore". (nuno)

E capas de livros? (Mitsou)






(Poema completo, por raquel vasconcelos)


Preciso do teu abraço... e isto, raramente ou mesmo nunca to confesso.

Para que não sintas medo de mim, medo de magoar-me, tendo que trazer-me, depois, de volta à realidade, arrastada por fios invisíveis, frios como o aço e a morte, qual marioneta nas tuas mãos.

Preciso do teu abraço... Mas se to pedisse, talvez me abraçasses e se quebrasse a magia. Talvez deixasses de ser feito de palavras e sorrisos. Talvez deixasses de fazer sentido, ou talvez ganhasses vida e a perdesses no milésimo de segundo a seguir...

Preciso do teu abraço... mas isso calo mais que tudo o resto, que te digo através de teclas poeirentas e desengraçadas, através de frases doces e tantas vezes amigas.

Preciso do teu abraço, mas sou demasiado cobarde e realista para to pedir.






Mitsou, às mais novas? Qu'é lá isso? Mais novas em quê? Ah, tu querias dizer "às miúdas" .... (TSuP)


Acho que elas se "cortaram"; não queriam magoar as cotas...e nós, tunga! (Mitsou)



(outras contribuições poéticas)


Your words are like rose petals falling down all over me. And I adore that perfume you make about it.I shall dream about them. About you. (Anónima)





(poema completo, por raquel vasconcelos)



Preciso do teu abraço,
mesmo que te veja já sem vida e não passes de um sonho,
um ser encantado de que mais ninguém guarda memória.
Preciso do teu abraço,
palavra amada por mim,
porque receio perder-te de vez...





Não te preocupes com a inspiração (TSuP)

ai... balha-me deus q tá ali uma data de coisas... (raquel)





(Poema completo, por nuno)


Preciso...Do teu abraço. De acordar no teu regaço. De sentir que alivias o meu cansaço e de te ter perto, à distância de um braço.(enough for now...) (nuno)




There's a smell in the air... snif.. snif... Is it chocolate cake??? Nahhh... Honey....? Nahhh LOVE! Most probably... (Nuno)

I feel it in my fingers, I feel it in my toes, Love is all around me, And so that feeling grows (Mitsou)

... lá que oiço os miaus miaus da leoa, até oiço, mas ainda nada de me tornar a sua presa ... ora, este búfalo velho já bufa de impaciência ... (TsuP)




(Poema completo, por Anna^)



Preciso, do teu abraço, quero sentir-te, cravar o teu odor onde se fecha a dor e, na mente, fica dormente, a saudade ... quando a distância nos separa, por imposição ou outra razão, sentirei, de ti, esse precioso odor em que te recordo e respiro, sentindo, quando quero e preciso, que estás aqui, comigo, abraçado e sorrindo, sem outro motivo que não seja o de sentir que te quero, tanto, comigo.




Mitsou, se faz favor, não saias sem um chá e uma fatia mais engrandecida (TSuP)


'tava aqui algo escrito ou eu n me chamo ana raquel! (raquel vasconcelos)


PSxptz: será q ando a ver coisas???????? (raquel vasconcelos)





(poema completo, por TSuP)


Preciso do teu abraço, sem limite ou prazo ou pensar no que faço, só o amor a dar e quero, preciso, tanto, de te sentir como te amo e amo-te sem o fim do que seria, o até quando não poderes estar aqui.

E amo-te e abraço e amo-te tanto, meu Deus, tanto, que nem sei o que diga por te gostar sem pranto, amor e encanto desejando sempre, e sempre gostando de chegar-te muito, muito e ainda mais a mim. Meu Deus, porque te amo eu, assim.


E morro sem morrer precisar ou dizer, ou se volto a viver sem perder nem querer ou estando sem estar e não estando, nem pensando abandonado por não ser, sendo nada e tudo sendo quando me abraço sem momento e te amo ao infinto, em desmaios que não sinto abraçado nos teus braços.

Como desejo morrer, morrer sempre e mais asssim.
Por favor, preciso de um abraço.

Monday, April 18, 2005

Deixa-te

Perde-te, usa essa bússola esquecida, que não tem, nem o Norte, nem o Sul, apenas o desnorte, de quem vive com muita, mas mesma muita, dessa paixão.

Apaguem-se as coordenadas, as luzes, apaguem-se os medos e a frieza da razão.
Depois, deixa-te ir.

E um dia, ou tropeças, ou levas um encontrão.

Sorriem-te, balbuceias coisas estranhas, e nem pensas, de tão abalroado estás,
E te deixas ir, em profundezas esquecidas que recordas, a sorrir,
De como é bom viver, de novo, tão doce emoção,
Ignorando, sem dor, a ignorância da razão.

Estrada

Bom dia, amigo.
Não sei se os há, os becos, ou as saídas.
A estrada acaba, e descemos, sós.
Perdemo-nos. Caminhamos,
sobre espinhos, desfiladeiros, gargantas, sufocantes,
ouvindo o silêncio, tormento, de pensamentos,
fingidos os momentos onde não haja solidão.
Depois, nasce, e nascemos, de vontade, liberdade,
isso, de sermos livres.
Saírmos do vale, da dor,
nessa subida íngreme, do monte,
aquele, de onde se avista, isso, percebes? ... O amor.
E sorrimos.
Afinal, são tantos, os caminhos.
E a estrada, inacabada, mero pedaço de alcatrão.
Um abraço, grande.

Dizem

Disseram-me.
Que não o tema, de o desejar, ou o querer. Há-de ser.
De fluir, brisa suave após a tempestade, vagas e tufões.
Há-de ser, diferente, dizem-me.
Mais solto, maduro, terno, gostoso. Mais livre, e amoroso.
Seja, não o temo. Nem o espero.
Mas que venha, como vier.
Quando quiser.

Thursday, April 14, 2005

Libertem

Libertem-se, em tudo, em tudo o que alcancem, o mar, dancem, a música, na escrita, e, já agora, na poesia.

Libertem-se com a alma, mas com toda! … com a alma que vos tem, e já vos teve, em tão, tão boa, a vida.

Libertem-se com o fervor de quem, em tudo o que faz, o faz, ainda, com mais amor.

Mas libertem-se, por favor, sempre, sempre, dessa dor e do pavor, que nos acompanha, por nos libertarmos, no amor.

Libertem-se sempre e onde quer que for, no mar, no ar, no pensamento, no sonho, e, até, no duro trabalho.

Mas libertem-se, por favor, que eu prometo libertar-me, também, deste terror.

Libertem a Alma, por favor.



P.S. Aos poucos, lá me "liberto". Como aqui! A propósito do questionário que por aí anda, sobre os nossos hábitos e preferências literários.

Wednesday, April 13, 2005

Abuso

... a solidão, quando nos entra pela porta, toma a alma, não acalma. E leva tudo, porque a dôr, sem honra ou compromisso, entendeu, a seu jeito, fazer uso do meu peito, sem deixar, nem penhor, nem respeito, no despudor de quem fez, com outro, outro amor, mesmo ali, no meu leito. De dia, quer muitos, e à noite, muitos mais beijos. Que desfaçatez ...
... Por isso, quem a tem, a solidão, dor, se não liberta a alma, perde-se, reencontra-se, umas vezes vazio, outras, muito vazio, ou às vezes, com uma mão, assim, tão, tão cheia, de tão pouco, e outras, até transborda, de mesmo, mesmo muito, desse menos, que é o nada.


Amigas e Amigos, um Beijo, um Abraço, e obrigado.

TSuP

Sunday, April 10, 2005

Legado

Despeço-me, hoje, aqui, de vocês, de quem gosto, de todos os que me deram um abraço, ah, e um beijo. E dos outros, que me olham e passam. Será que riem? Será que choram? Despeço-me, agora, porque, como tantos outros, os que me eram e foram, sem o saber, ou sinal divino, sem momento ou prazo definido, abandonar-me-ei deste eu , talvez soluçando, se calhar, sorrindo. Não me perguntem o ano, o dia, ou o mês, só sei que é, agora, a hora. De vos dizer adeus, enquanto vivo e me recordo, de estar e ser, de rir e, chorar. Amar. Que se lixe, o ódio. E vos dou tudo o que tenho, pois, em cada dia que aqui venho, me dou no que penso, sinto e sou, sempre dando-me, pelo prazer de me ter e, óbviamente, por ser maior o prazer, o de me dar. Ah, mas olhem, não é estranho. Se a morte me espreita, ou Aqui, ou fora, poderia ser agora, estou feliz, dessa felicidade imensa por, ainda em vida, e no tempo que me sobra, vos dizer adeus, que Deus vos tenha, e muito, muito obrigado. Pois, antes que me soe a hora, ou termine o prazo, com que fui gerado. Só não sei porque o digo, assim, com o coração ainda tão, tão em sobressalto. Ah, deve ser do abraço …


… ou um beijo, conforme aplicável. Se quiserem, levem os dois, eu não enjeito, não regateio …

Friday, April 08, 2005

Epitáfio

Meninice do meu segredo, esse eu, tão meu, perdido, que por ser tão mal amado, morreu, triste e vencido, enterrando sonhos do passado. Ai, meu menino lindo, meu filho eu em desespero sofrido, perdoa-me os desamores e anseios, que por amor foi morto o sorriso, que te mataram neste corpo desfeito.

Destinado

E espero que o recado chegue, sem assinatura ou receoso, do que me foi prometido e deposto, no tempo de uma garrafa vazia. E espero, que a tua ilha não esteja perdida, nem o oceano vasto um argumento, para não escreveres nesse dia, um e-mail a quem mora, aqui, do outro lado da vida.

Com um Beijo Terno, a quem o aceitar. Bom dia!

P.S. Hoje estou ... com as emoções um pouco á flôr da pele. Sinto-me como se fora assaltado ... sem ser roubado. Não me sai este sobressalto, do susto, não me larga. O dia de ontem foi difícil. E o de hoje, também o é. Que raio de tremor ... e nem estou "zangado". Porque raio gostaria eu, de me sentir amado? Raios e Trovões, como os ladrões, deixam-me sempre em sobressalto ...

Wednesday, April 06, 2005

"Xicológico Xicoração"

Aqui, "De onde te escrevo", ... até que me sinto muito "mal resolvido". E depois? Não é tão mau como pensam. Se calhar, não sou só eu, a sentir-me assim. Se calhar, não escrevia, se estivesse, fosse, mais um "resolvido". Nem estaria aqui. Se calhar, escrevia, outras coisas. Não que a escrita me "resolva" o presente, ou o futuro. Nem o passado. Apenas a solidão. Às vezes, só às vezes. Pois, nem tudo tem que ter uma "resolução". Percebem? Solução. E depois? A vida não é uma equação. São muitas, sucedem-se. Umas resolvem-se. Pena é que outras não. Enquanto for vivo, vou-me "resolvendo". Mais ou menos. A mim, aos que muito quero, aos que ainda quero mais do que a mim, aos outros, os que me querem, os que vou descobrindo, querendo-os, ainda mais, a eles, também. Eu não sou assim, mas estou assim. Que querem? Sou sempre Eu ...

Agradecimentos:
Um Xicológico Xicoração. De carinho, para todos. À autora do post, um beijo e um abraço agradecido.
P.S., de informação: Este "Xicoração" foi, também, registado noutro sítio.

Monday, April 04, 2005

Íntimo

Sós, de mansinho, palavras que se perdiam em ofegante respiração, alucinação colorida com um olhar arfante, semicerrado, abracei-te de mansinho por aqueles ombros tremidos com um beijo que te pousei no pescoço acetinado, ardendo, sussurando, carícias, veludos, enquanto aconchegavas os ouvidos lambuzados, de encontro aos meus lábios que arfavam por ti. Pousaste-te, em cada minha mão, na que te premiu o ventre, apertaste e desceste, descendo a minha para onde estava, ainda, muito, muito mais quente. A outra procurou, dominando aqueles seios que explodiam, num desejo incontido de expulsar os mamilos que se espetavam para mim. Fomo-nos descobrindo, um ombro de cada vez, foi-se o resto, descendo, beijo a beijo, pelo veludo do teu peito, pelo umbigo, um beijo, dois, sem apoio, três, descendo, descendo, mordiscando onde mais descia, puxando-me pelos cabelos foste-me vergando, dobrando até te beijar onde mais tremeste de estertores sem fim. Descendo-me, desceste. Depois, ofereceste-te, nas costas que eu adoro de macio acetinado, côr branca do marfim, beijei-te os ombros, cada nó da coluna que foste arqueando em felinos desejos, mordisquei-te a cintura, mais por baixo, abaixo da coluna, primeiro uma, depois outra, fui mordendo mais adentro, dobraste-te, dobrando-me nas dobras do sal que me deste, saboreando-o ávido e mais o quiseste, que to saboreasse em sedento movimento, tremias, ondulando em compassos de tremores desesperados, poderoso vai e vem, quando me puxaste, ordenando que entrasse e eu, sem compasso, entrei nessa gôndola que me envolveu num abraço, e morri em pedaços na cozinha em que estávamos quando te abracei de desejo e me disseste que sim.

Friday, April 01, 2005

Silêncio

Oiço. Agora, é o tempo de ouvir. Oiço o silêncio de estar. Não me leves a mal, por não falar. Tenho tempo, fala, quero ouvir-te, do que sentes, sabes, que gosto de ficar aqui. Sem ilusão ou desilusão, de viajar em palavras que alcanço, momento de ser, não ter-te, sem tormento. Deixa-me ver-te, gestos e braços do agora passado, presente que adoro por não estar magoado, silêncio preguiçoso, olhar infinito, poisado no corpo que já olhei desesperado e hoje abraço, como gosto de ti. E de mim.

Sente

Não temas. Uma visão, não é nada. Fugaz lembrança de invento sem tempo. Nem fim. Imagem numa campa, sem flores, dor. E respiras, de amor, pela lembrança de um rosto que já não é assim. Mudou, não esperou a lembrança de te querer, a ti. Terror, do Mundo, prisão dum coração batido, sentido. E voltas à campa desse amor antigo. Contigo. Namoras a pedra duma lembrança, laje fria, desencanto, sem que, no entanto, ela se apaixone por ti. Não é humano. Ignoras, corpo quente que te olha e espera num compasso de dois por dois, sofrendo, desespera, não lhe vês o rosto, nunca soubeste quem era, a verdade de quem te ama está tão perto, como certo está que te amem assim. Vá, conhece-o, esse corpo, quente, sem rosto nem o rosto que sempre te mentiu. Sente. Não temas, o amor desse corpo que te quer tão quente, na dor. Depois, se quiseres, descobre-lhe o rosto. Descobres. O mundo de rostos que te amam daqui. Ignoram a laje fria, a morte, o medo de não seres, és, gritam Amo-te! Amamos-te! Sem pudor nem escolha, do momento que acolhe a oração, do nosso desejo, por ti. Beijo grande. Agora, de mim.

Thursday, March 31, 2005

Sorte

A sorte de estar aqui, é a sorte de quem não sabe a sorte que tem. Sem medida, nem peso. É um contrasenso. Não ter, e ter. De olhar, para quem não a tem. Que andam aí, basta ver. Não convém falar. Não nos vá a sorte fugir, também.

Tuesday, March 29, 2005

Extravio

Seria fugaz, fuga de fugida, no combóio que partia, devagar, outro dia. Sem destino ou horário, sem vinda. Seria como sempre, de angústia, inquietude, depois, alegria. Será que ainda me queres, na vida? Às vezes, saías, do combóio em andamento. Suicida. Agarrava-te, puxava-te para cima no preciso momento em que fugias de tudo, louca, demente. O amor, não mente. Depois, regressaste. Mudaste. Faltaste. Muitas vezes, à partida. Um dia, enquanto dormia, desembarcaste, saíste, fugiste. E o combóio deixou de parar na minha mente, sem destino, de vida.

Um Sorriso e ... outro abraço (Pensos Rápidos)

... dezanove anos ... nem sabes quantas mais, as vezes, que sofrerás assim. Nessa altura, vais-te rir do que passaste, e de quem to disse, hoje, aqui. Prepara-te, porque a vida não te perdoará, o amor imenso que tens, de ti. Beijo, e três pensos anti-alérgicos (quais queres, o do Urso Babaloo, do Rei da Selva, do Mogli ou o do Pumba? Já não tenho o da Pantera ... a propósito, tens pensos prá troca? Dá sempre jeito, tê-los no bolso, ou em casa). Um Sorriso e ... outro abraço.

Monday, March 28, 2005

Escolha

O dia da Lua disse: vem, dentro de mim. Olhei-a. Quem és tu? Porque me queres? Não te conheço, não gosto de ti. E a Lua, matreira, explicou-me que, na vida, a escolha não é pertença, antes, coisa imensa sem origem, ou fim. Coincidência? Não quero, respondi, virei-me, fugi. Ah, mas não, a Lua escolheu-me, Embalou-se, embalou-me, em feitiços de atracção, sussurando pétalas de flores que, há muito, murcharam na morte do meu jardim. Atordoado, levantei-me, bebi água e pensei, porque me quer, ela, a mim? A Lua explicou-me, eu também não sei, vi e ficou-me o gosto de ti. Preso, na cama, ainda tentei, olha, mas eu não sei se gosto de ti! A Lua não ouviu, abraçou-me, falou-me do jardim, deixei-me, sorri-lhe, beijou-me, afoguei-me, em brancas flores renascidas, cá dentro, no centro, mais à esquerda, isso, aí.

Cortejo

No dia em que morrer, não serei, nem pessoa, ou de mim. Ombros que se encolhem, foi-se, é pena, menos um, foi melhor, por isso, naquele dia, em que apodrecer, não vejo, não olho, não penso, que outros o farão, de raiva, perda, tristeza, os que me choram, mãe, pai, mana, que me gostam, ainda, de mim. Não serei eu, que me vêm, esquecido sem tempo de ver, que o tempo chegará, por força, da pessoa que me fora, eu, morto, aqui.

Momento

Fitei-o, rugia, ele, zangado, de empurrado, rasgado, no norte do molhe, fechado. Não tremi, tive medo ou receei, vagas de raiva, açoites, clarões, da noite, o vento. Mau tempo. Rouco, não tremo. Espero, oiço, gritos dilacerados, de loucos. Louco. Dor. Roncos. Cumprimento fugaz, desprezo de medos, que os tem, ele. Não sofro, oiço, lamentos, raivas, histórias, gemer. Espero, não choro, o desespero. Sinto-o. Do mar. Eu. Silêncio.

Thursday, March 24, 2005

Pois

Se calhar, a poesia não é, bem, para comer. Sente-se, quando se sente, ou se é indiferente. Quando se sente, não se mente. E, sentir, pode doer. Dor feita de nós, dentro de outros. Sem tempos ou compassos. Esta dor, a da gente, não acaba de repente.

Por mim

Se me procurares, fá-lo de noite, quando me perco, quando matei tumores que me foras, matando-me de ti. Matando-me a alma, amor sem lágrimas que desencontro nas memórias de estares aqui, procura-me e lembra-me como é bom o amor, mesmo vivendo do louco sofrimento que me matou, por mim.

Wednesday, March 23, 2005

Solidão

É entrar, e não ter alegria, chegar a casa, vazia, fria. Chorar por dentro. E rir por fora. É procurar, olhar. E não encontrar. Quem queremos e não temos. Ver, por ver, sem contar. Sem dar. É estar, sem ser. É viver, às vezes sem saber, ou querer, assim.

Existes

Falas-me, eu não sonho, acorda, estás vivo, eu sei, vejo-te, imagino-te, faço-te, beijo-te, como serias, se fosses verdade, como te queria querer , sem medo, de me quereres, sempre , perfeita, perfeito, no amor, eterno, ardor, vício, sem sentido, por não me querer, só, na vida, comigo. Por isso, te peço, falo, procuro, noite após noite, não me percas, mostro-te caminhos, não me abandones, grito, ei, Ei! Estou Aqui!

Mulher de sonho

Mulher de sonho. Que imagino, quero amar e, ainda, não encontrei. Existes? Pois não. Muito é o egoísmo, isto, o de sonhar a perfeição duma mulher. Será pecado, amá-la, imaginá-la, criá-la? Ah, quem não tem, a sua, mulher de sonho.

Tuesday, March 22, 2005

Gosto

Gosto, de mim, como me têm, como me fico, no que sou, um pouco de todos, um pouco de mim. Gosto de ver-me, como estou, no espelho de outros, que me mostram, como fui, e sou. Gosto de mim, por isso, mostro-me triste, alegre, odiado, apaixonado e, por vezes, tão amado. Gosto de cada letra, da palavra, do ponto de exclamação, do sorriso matreiro que tenho quando desenho, coisas destas, de mim.

Vazio

Só um nome, o que me deram, mais um número, de identidade, sim, identidade mas, do quê? Ser número, ser um fardo, inerte, desespero, o que sou, como vou, onde vou? Porque é vazio o que avisto, em mim, nos outros, em tudo o que faço, sem sentido, avanço, por isso, sem motivo, seco, fraco, despido, de mim, despindo, os outros.

Preso

Liberto-te, com um sorriso. Por dentro, choro. Não, não há problema, é claro que fico bem, só te quero feliz. E choro. A tua felicidade faz-me, minha, a tristeza, mas, ter-te infeliz, enganando-me, é pior do que não ter-te. Por isso, choro, sempre, a tua perda.

Cruel

"Não te amo. Por isso, não te quero. Não me persigas, não me faças sentir mal, comigo. Se prometeres não me amares, nem sofrer por mim, serei teu amigo. Descomprometido. Mas olha, seremos só, amigos. E nunca me ames. Nem tenhas esperança. Sabes, há mais alguém a quem amo, de verdade. Digo-to, não para me amares, mas, para me odiares, se precisares. Por favor, não me atormentes mais, eu, já desespero."

Em tempo

Porque o digo, sem medo, de descobrires segredos, escondidos, ainda, de ti. Sim, o passado é pesado, a memória fraca mas a marca fica-te, tão bem, como a mim. É pena, o teu receio, de me reencontrares, aqui.

Talvez

O que ficaria deste, breve, encontro? Talvez nada, o mais certo, talvez, uma porta fechada, ou aberta, outro caminho, outro encontro, serás tu, o futuro? Sem dúvidas, nem mágoas, sem marcas? Sem nada, agora e, depois, que mal faz, se te amar, tanto, outra vez? Pois. Talvez.

De onde te escrevo

De onde te escrevo, podia ser o Paraíso. Vejo o Mundo mas, não vejo rostos. Só letras e palavras. Neste mundo, não existe a fealdade, nem a beleza, apenas frases, carregadas de paixão, alegria, amor e, também, muito, o sofrimento. É um Mundo escuro, este, de onde te escrevo. Apesar disso, contém a esperança, manhãs de sol, brilhantes, a companhia e a amizade, que os rostos não transparecem porque, aqui, a alma não precisa, do corpo. Apenas de o ser, alma. Deste mundo, eu escrevo e sou ouvido. Por isso, regresso à vida, quando o sou, escrito. Porque sou eu, só mesmo eu, como o quero, ser, ou, realmente, o sou, sem máscaras ou trajes. Neste Mundo, sou eu que escolho, como quero, se quero.

Wednesday, April 14, 2004

Prisão

Há fugas, que não o são. Em vez da locomotiva, somos obrigados a entrar num vagão, mas olhem, não é o do carvão ...! E vai-se, ali, apertado entre duas linhas, puxado, puxando, parando e parado ao mando de quem apita, deixando de lado sonhos, paisagens, vagões separados por agulhas, as da vida. Viagens antigas de sonho esquecidas, que, agora, deram nisto, e, em fuga desesperada, fomos logo viajar ao sabor duma vida, que nos leva, direitos, ao apeadeiro, duma prisão.

Bom dia, boa tarde e boa noite.A todos.TsuP